Corações feridos em
plena escuridão do alvorecer
Histórias incompletas
do conto de um caçador
Perdido no momento decisivo
Caído no bar de uma
cidade qualquer
Bêbado deixando
lembranças a vazar
Anjo explosivo num
raio de sol a cair na beira de um lago
Loucuras... Sons... Desejos
momentâneos...
Cai no poço do fim do
mundo
Na bela paisagem de
uma palavra sem sentindo
Final de tarde verde
e o céu vindo a escurecer
Palavras algumas
complicadas mais com sentido
“Escrevo isso e choro. Porque quero tanto e
não quero tanto. Porque se acabar morro. Porque se não acabar morro. Porque
sempre levo um susto quando te vejo e me pergunto como é que fiquei todos esses
anos sem te ver. Porque você me entedia e dai eu desvio o rosto um segundo e já
não aguento de saudade. E descubro que não é tédio mas sim cansaço porque amar
é uma maratona no sol e sem água. E ainda assim, é a única sombra e água fresca
que existe. Mas e se no primeiro passo eu me quebrar inteira? E se eu forçar e
acabar pra sempre sem conseguir andar de novo? Eu tenho medo que você seja um
caminhão de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho
medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude e de você me abrir. E minhas
bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do
universo. E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora. Eu tenho
medo de você abrir o espartilho superficial que aperto todos os dias para me
manter ereta, firme e irônica. Minha angústia particular que me faz parecer
segura. Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais
possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações. Eu tenho medo da minha
cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos
olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar
de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar
de ser triste, de deixar de ser cínica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.”
— Tati
Bernardi
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