domingo, 11 de agosto de 2013


Era um final de semana comum, como todos os outros. Também como todos os outros, eu não havia planejado nada, sempre baseando meus finais de semanas em convites pra sair ou visitas em casa. O relógio já marcava 21h30 de uma sexta-feira, e conhecendo meus amigos, sabia que aquela sexta não renderia nada. Até o momento, nenhuma ligação, nenhum torpedo.
Com muito empenho pra não dormir em plena sexta-feira, escolhi um filme pra passar a noite, pra sábado de manhã não acordar reclamando que apenas dormi. O filme? O pior de todos, uma comédia romântica. Confesso que sou apaixonada por filmes de comédia romântica, mas eu não estava num bom momento para tal. Teimosa, bati o pé e coloquei o próprio. Passou uma hora do filme. A televisão emitia altas gargalhadas, e eu completamente séria. Aliás, se quer sabia o que estava acontecendo no filme, porquê estavam rindo ou porquê estavam se beijando. Minha cabeça estava longe, mas meus olhos fixos nas cenas. Na minha mente só passava uma coisa: Porque um enquadramento tão certeiro na hora do beijo? Pra ficar mais romântico? Falho. Não fica romântico, fica massante, ainda mais quando se tem companhia, ficam todos com cara de nada, pensando “Ok, termina logo.”Vendo toda aquele mimimi, já me lembrei do que e de quem não deveria. Não deveria porque era sexta-feira e eu se quer sabia por onde ele andava, muito menos mandaria um torpedo perguntando isso. Inclusive, não era do meu interesse.
Enfim, termina o filme. Não chorei, não dei risada. Desliguei a TV, peguei os fones e decidi passar a noite ali mesmo, no sofá da sala. A sala é o melhor quarto da casa.
Deitada já por horas com as luzes apagadas, o brilho da tela do celular deixava um clima “meia luz” e nos fones, os melhores rock nacionais, enfim vou pegando no sono.
Consigo dormir. Acordo. Durmo mais uma vez e acordo. Cochilo e acordo. Entre esse eterno dorme-acorda, uma notificação não esperada aponta no celular. Adivinha? Ele. Os pensamentos que apontaram no momento foram:
1. Ignora e volta dormir.
2. Você não vai conseguir dormir se não o responder.
3.
 Você é uma completa idiota entregue.
Dito e feito, o respondi e dá-lhe render conversa. Perdi a sexta-feira e a ganhei no começo do dia de sábado. Falar qualquer coisa com ele já me tirava a postura.
"E aí, onde você está?" - Ele sabia, mas queria ouvir. Respondi.
Em 1 minuto chega a mensagem: “Estou perto da sua casa!”. Queria ele passar me ver ou me deixar com vontade de o ver? Claro que só respondi numa risada pra não levar uma rasteira.
"Agora estou na frente da sua casa, pode vir aqui?"
Levantei correndo em direção ao banheiro para prender o cabelo. Vesti um chinelo, mesmo de meias, e fui em direção ao portão.
Um vento frio vinha me encontrar, já era 4h30. Abro devagar o portão de lata e ouço um grito vindo da minha casa. Era minha mãe: “Onde vais?”, e então ela sai correndo e me pega pela mão.
Chegando novamente à sala, ouço minha mãe sussurrando sozinha “Preciso acordá-la.” E sim, acordo de verdade.
Era tudo mentira. Eu misturei sonho com vontade. Ele não havia me mandado nada, não havia ninguém no portão.

Me mordendo de raiva, abracei minha mãe e pedi desculpas. Descobrir-se sonâmbula nessa fase foi péssimo. Custei a dormir, mas consegui.
Para não perder o costume, sábado, levantei reclamando da sexta-feira parada e sonâmbula. De repente, uma notificação no celular. Sim, ele.
"Ei, onde você está? Estou perto da sua casa!"
Sem esperar 3 pensamentos brotarem, desligo o celular e vou para o banho. Não sabia mais o que era verdade ou não.
Depois dessa cena, ele sumiu por dias. Não tive coragem de mandar nada, nem desculpas, nem perguntas.
Outro final de semana chega. Como todos os outros, eu não havia planejado nada. Escolho um filme de terror para se quer pensar nele, e claro, me lembrar de que existe coisas e fantasmas bem piores do que estar apaixonada. 
                                                                                                     — Prefira Borboletas

Nenhum comentário:

Postar um comentário